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11/05/2014
GAME DAY
CAB de personalidade e luta despede-se de época de sonho
A equipa feminina do CAB deslocou-se até Carcavelos para defrontar a formação do Lombos. A partida era o segundo jogo da final da Liga Feminina, um encontro decisivo para as madeirenses, dado que tinham perdido, no Pavilhão do CAB, o primeiro jogo das finais. Esse resultado obrigava as Amigas a ganhar para sonharem com um terceiro (e decisivo) jogo, que seria disputado, novamente, no terreno do Lombos. Caso perdessem, as Amigas despediriam-se da época, com as continentais a sagrarem-se campeães nacionais.
O CAB não entrou da melhor forma no jogo. As Amigas evidenciaram alguns dos mesmo erros que tinham cometido no jogo do Funchal, especialmente ao nível das perdas de bola e dos ressaltos. O CAB estava demasiado permissivo no meio-campo à sua guarda, deixando as continentais acumular importantes ressaltos, posteriormente convertidos em pontos. Mesmo assim, graças a um grande esforço ofensivo da parte do CAB, o primeiro período acabou com um resultado equilibrado, nomeadamente 20-18, a favor das da casa.
No segundo período o CAB dominou o encontro por completo. A defesa zona montada pelas pupilas de João Pedro foi uma dor de cabeça enorme para as comendadas por Zé Leite, que nunca acertaram com a forma como atacar o esquema defensivo do CAB. Já no ataque, o CAB esteve muito superior ao Lombos, beneficiando de uma inspiradíssima Carla Freitas, que, no segundo período, e em todo o jogo, não falhou um único lançamento, anotando, só no segundo tempo, três triplos. O intervalo chegou com 32-36, com o CAB na frente.
O terceiro período foi muito irregular. Por um lado, o CAB continuou a dominar os eventos, na maioria dos terceiros dez minutos. Prova disso é o facto de que as Amigas construiram uma vantagem que chegou a ser de nove pontos, o que dava a crer uma final a três jogos. As madeirenses, com uma Maria João muito serena na condução do ataque e um grupo muito unido e aguerrido na disputa de cada bola, estavam a ser a melhor equipa em campo, silenciando o Pavilhão do Lombos, completamente cheio e com um ambiente infernal. Porém, nos ultimos três minutos do período, o Lombos anotou quatro lançamentos decisivos de meia distância, empatando a partida a 50 pontos, resultado com que se chegou ao fim do terceiro tempo.
No quarto período, as Amigas denotaram o esforço físico que lhes fora imposto ao longo da partida pelas limitações do plantel. O Lombos, mais fresco e com mais opções, explorou inteligentemente as fragilidades do adversário e chegou aos últimos cinco segundos do jogo a ganhar por 62-60. Dois lances livres de Maria João na sequencia de uma falta sofrida pela atleta do CAB deram às visitantes a hipotese de levar o jogo para pronlongamento, mas, ao falhar o segundo lançamento, o CAB ficou em inferioridade e a festa foi meritoriamente do Lombos, com o marcador em 62-61.
Apesar da derrota, a época foi uma de sonho para o CAB. O excelente basquetebol praticado pelas Amigas, especialmente na segunda volta do campeonato, foi uma verdadeira 'sebenta' de como o jogo deve ser jogado e vivido, dentro e fora de campo. A conquista da Taça de Portugal, numa Final Four épica que foi disputada na Madeira, foi o coroar de um esforço enorme feito pelas nossas atletas e seus treinadores ao longo de todo o ano e que trouxe para a 'nossa' casa um título nacional que buscávamos há muito. Hoje, graças a elas, o CAB é o clube ainda em actividade com mais Taças de Portugal conquistadas, marco historico e que revela a grandeza do nosso clube.
Impõe-se um enorme agradecimento às nossas guerrerira, que são mulheres de carácter e que, dia após dias, jogo após jogo, lutaram contra adversidade sobejamente conhecidas e nunca buscaram desculpas para fugir e para não darem o seu melhor. Em todas as ocasiões, elas encheram-nos de orgulho, elas deram ainda mais valor ao que significa ser do CAB, elas demonstraram a qualidade da nossa Formação (pois 10 das 12 foram formadas nas nossas escolas), e, com o seu trabalho, ambição e determinação, lembraram-nos constantemente que há poucas alegrias nesta vida superiores a ser um Raça Vermelha de alma e coração.
A História avaliará, melhor do que qualquer um de nós, a importãncia do que foi feito esta época, a relevância do título nacional conquistado, a unicidade de unir mãe e filha no mesmo grupo de trabalho e a resposta que tantas jogadoras deram, de forma sublime, a críticas injustas que lhes tinham sido dirigidas na época anterior. Palavras, levam-nas o vento. Ficam os actos - e os actos destas atletas e dos seus treinadores fazem com que o seu nome fique para sempre gravado nas nossas memórias como jogadoras de elite, jogadoras que são muito 'nossas', pelo carinho que por elas nutrimos, por todo o que nos fizeram sonhar e sofrer, por todas as alegrias que a nos trouxeram.
Não existem palavras. Obrigado!
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