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01/02/2014
GAME DAY
Coração de Guerreiro e Nervos de Aço põe CAB na final da Taça da Liga
CAB e Vitória Sport Clube (VSC) defrontaram em Oliveira do Hospital para a segunda meia-final da Taça da Liga. A primeira meia-final foi disputada antes dos Amigos entrarem em campo, com o Benfica a derrotar o Barcelos e a confirmar, assim, o seu apuramento para a final do troféu em disputa.
Para o CAB, o jogo com o VSC era o repetir de um confronto vivido duas semanas antes, no Funchal, onde a equipa orientada por João Freitas vencera o grupo orientado por Fernando Sá. Contudo, o resultado alcançado dava pouca tranquilidade aos madeirenses, que se recordavam que essa partida tinha sido muito equilibrada, com os Amigos a conseguirem passar para a frente do marcador apenas nos últimos dez minutos do jogo. Por isso, não haviam razões para o CAB ir para dentro de campo descontraído, ainda mais estando numa meia-final, onde tudo pode acontecer e qualquer equipa pode sair vitoriosa.
Em termos de notas prévias, a realçar, ainda, o facto dos Amigos estarem sem Jorge Freitas e Jorge Coelho, a recuperar de lesões contraídas no início da época e ainda de fora por tempo indefenido. Pelo contrário, o Vitória apresentava-se na máxima força, com um plantel mais numeroso e com mais opções que o dos Amigos. Por isso, os dados estavam lançados para uma grande partida de basquetebol, que, certamente, dignificaria a modalidade.
Na fase inicial do encontro, o equilíbrio foi a nota dominante, com as duas equipas a trocarem cestos de parte a parte, sem nenhuma delas poder dizer que estava a dominar o rumo dos encontros. Porém, sensivelmente a meio do primeiro período, uma sequência de desatenções na defesa do CAB, que foram meritoriamente explorados pelo VSC, permitiram aos homens do note ganhar uma vantagem de seis pontos, com o marcador a 15-9. Nessa altura, João Freitas pediu, de imediato, um desconto de tempo de forma a conter o avanço ofensivo do VSC e a reconcentrar os seus jogadores no jogo.
A estratégia de João Freitas surtiu resultado e seguiu-se um parcial de 1-8, a favor do CAB, com a marcador a ficar em 17-16, fruto, essencialmente, de cestos convertidos pela dupla americana formada por Ricky Franklin e Aaron Anderson. Um lançamento triplo dos continentais ainda colocou a diferença entre as duas equipas a quatro pontos, mas, em resposta, dois lances livres convertidos de Ricky Franklin trouxeram o final do primeiro período, com o marcador em 20-18, a favor do VSC.
O início do segundo período foi mais sorridente para a equipa de Fernando Sá. Enquanto o CAB acumulava perdas de bola, lamçamentos falhados e desatenções defensivas, os homens que vestem de negro e cinza aproveitavem, e bem, os deslizes dos Amigos para marcar pontos, não só com lançamentos de longa distância, mas também em saídas rápidas de contra-ataque e em lançamentos de curta distância. Sem surpresa, a meio do segundo período, o resultado era de 31-26, favorável ao Vitória, com o CAB a sentir dificuldades em contrariar as várias soluções ofensivas que o VSC estava a explorar, provenientes de diferentes jogadores.
Até ao intervalo, o sentido da partida não mudou. O CAB não estava a conseguir dar o 'clique' que lhe permitisse estra na partida com outra força anímica e disposição física. Pelo contrário, os madeirenses continuavam demasiado ancorados às prestações de Ricky Franklin (17 pontos ao intervalo) e Aaron Anderson (11 pontos ao intervalo), fazendo pouco uso das outras opções ofensivas que têm no seu repertório. Além dos dois americanos, apenas Frederico Tavares (5 pontos ao intervalo) tinha pontuado pela equipa do CAB. Já o VSC estava a jogar de forma muito mais fluida e coesa, fazendo uso das várias armas que tem ao seu dispor, as quais estavam a constituir uma autêntica 'avalanche' que o CAB não estava a conseguir contrariar nem dar resposta.
Ao intervalo, o resultado era de 39-33, favorável ao Vitória.
No terceiro período, o CAB tentou apresentar uma atitude mais agressiva, quer nos aspectos defensivos, quer nos aspectos ofensivos. a equipa da Madeira esteve francamente melhor que o Vitória, forçando lançamento pouco eficazes no adversários e assumindo uma presença muito maior na luta pelos ressaltos. No ataque, o CAB continuava sem demonstrar a eficácia a que já habituou quem segue a equipa, porém estava melhor a explorar mais opções de ataque e também mais paciente nos movimentos de ataque. Após um parcial de 15-23, que revela bem a garra dos homens da madeira, o final do terceiro período chegou com o marcador em 54-56, favorável ao CAB.
No quarto e derradeiro período - e, diga-se, finalmente! - Jobi Wall e Fabio Lima apareceram na partida e em boa hora o fizeram. O mesmo podemos dizer de Edson Rosário, que, após três período mais discretos, trouxe solidez defensiva e presença nos ressaltos à equipa do CAB, 'enchendo' o campo quando a equipa mais precisava e operando como um verdadeiro 'motor', físico e emocional, para a equipa do CAB. A saída, por acumulação de faltas, quando ainda faltavam seis minutos para jogar não apaga o contributo positivo que fez à sua equipa.
A meio do quarto período, o amrcador registava 64-66, favorável ao CAB. A aproximação do VSC, que ja tinha estavo a cinco pontos de diferença, denotava alguma quebra física da parte dos madeirenses, que, nesta altura, já tinham quatro jogadores com mais de trinta minutos de jogo nas pernas (Ricky, Aaron, Fabio e Jobi). Estava instaurada a dúvida se o CAB iria resistir até ao fim, ou, pelo contrário, se iria 'quebrar' fisicamente e deixar o VSC passar para a frente.
Nesta fase do encontro, Ricky Franklin e Aaron Anderson voltaram a assumir maior protagonismo e trouxeram a necessária tranquilidade ao ataque da equipa da Madeira. Jobi, Frederico e Fabio seguiram o exemplo e souberam proteger muito bem a vantagem conquistada, entregando-se completamente à partida e deixando os que seguiam o encontro e perguntar onde é que os homens de João Freitas iam buscar tanta determinação num jogo que estava a ser extremamente desgastante.
A dois minutos e meio do final da partida, um novo revés para os Amigos. Com o marcador em 74-78, favorável aos madeirenses, Jobi Wall é excluido do encontro por acumulação de faltas, tal como se tinha passado com Edson Rosario, minutos antes. A saída do lançador diminuia as opções de ataque do CAB, o que poderia ser fatal naquela altura do encontro. Dois lances livres convertidos por José Silva colocaram o VSC a dois pontos e relançaram o jogo, que se iria decidir nos instantes finais da partida. Para ajudar à 'festa', um minuto depois da saíde de Jobi, Ricky Franklin, marcador 'de serviço' do CAB, também foi excluido da partida por acumulação de faltas, dando lugar a Nuno Baptista. Ia ser um jogo de nervos até ao fim e venceria a equipa que tinhesse emoções de aço...
Mas eis que apareceu...Fábio Lima. O talento que o João Freitas foi buscar a Ílhavo há quase quatro anos comprovou porque é cada vez mais um jogador de referência na Liga Portuguesa. 'Air' Lima converteu lances livres decisivos, que trouxeram calma quando esta era mais precisa. Vestindo muito bem a 'pele' de base, o jogador do CAB não tremeu e mostrou, uma vez mais, que podem contar com ele na altura das grandes decisões. Todos os demais jogadores que estavam em campo neste momento de grande pressão - entre os quais dois atletas da nossa Formação! - merecem um enorme reconhecimento e um grande 'Obrigado!'..
Hoje, os nossos meninos foram homens. Foram grandes. Foram heróis. Como sempre o são.
Resultado final: Vitória 83 - CAB 89.
Em termos individuais. Ricky Franklin (31), Carlos Bettencourt, José Correia (2), Edson Rosario (2), Fabio Lima (15), Nuno Baptista, Jobi Wall (13), Frederico Tavares (5) e Aaron Anderson (21 / MVP da partida).
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