02/07/2013
GAME DAY
Discurso do Presidente do CAB, Francisco Gomes
Mas que ano o que passamos… E quantas dúvidas se chegaríamos aqui, se teríamos novamente um Torneio do CAB.
Sim, duvidaram de nós, mas nunca deixamos de seguir em frente. Porquê? Porque nesta casa, as promessas cumprem-se. Contra barreiras e contra dificuldades. Nesta casa, as promessas cumprem-se.
Por isso, é com uma emoção muito especial que vos digo:
SEJAM TODOS BEM-VINDOS AO TORNEIO DO CAB!
Minhas Senhoras e
Meus Senhores,
Hoje assinalámos a abertura de um Torneio que é, para nós, o momento mais alto de toda a nossa actividade.
Apesar de sermos um clube com três equipas a disputarem as ligas mais importantes de basquetebol nacional, a Formação é, sem dúvida, a nossa razão de ser como clube.
Daí que este Torneio, que se centra na Formação, seja o nosso verdadeiro momento de gala. E é um prazer receber na nossa casa clubes de tantos pontos do país.
O Clube Ana dos Açores,
O Algés,
A Ovarense,
O Gaia,
O SIMEQ,
O Basquete do Porto Santo,
A Escola Francisco Franco,
O Galomar,
E, claro está, os atletas da casa – o CAB-Madeira.
Sem vocês, não havia Torneio.
Por isso, a todos, invariavelmente, a todos, todos, todos o nosso MUITO OBRIGADO por estarem aqui e por se juntarem a nós na nossa grande festa!
Ao longo dos próximos dias, estarão envolvidas no Torneio, ao todo, quase cinco centenas de pessoas, entre atletas, treinadores, encarregados de educação, árbitros e voluntários.
Esta é uma verdadeira demonstração do poder mobilizador de uma organização que tem no STAFF deste torneio a sua mais pura afirmação. São eles a ALMA do Torneio.
Porque estão aqui, a título gratuito, e a dar o melhor de si para que este evento tome forma, peço-vos para o STAFF do Torneio uma grande salva de palmas.
Minhas Senhoras e
Meus Senhores,
Vivemos dias de desnorte.
O país é dominado por números e mandaram para trás a importância das pessoas. A nossa vida está a ser gerida com a frieza das calculadoras e o respeito pela pessoa humana – que deveria ser o fundamental – tornou-se no dispensável para quem mais nos deveria proteger.
Este Clube sabe muito bem o que é a amargura de lidar com pessoas sem carácter. Sabemos muito bem o que são jogadas de bastidores e pressões injustas.
Não nos assustamos.
Tudo temos enfrentado e tudo temos ultrapassado porque temos o privilégio de ter na nossa casa pessoas que, todos os dias, fazem da nossa sobrevivência uma MISSÃO.
Pais e Mães que se juntam para angariar fundos para que os seus filhos possam tomar parte nas competições e que se entregam a este Clube sem reservas.
O quanto lhes devemos…
Treinadores que, há um ano, trabalham gratuitamente para que os nossos atletas possam crescer como jogadores e como homens e mulheres do futuro.
O quanto eles nos ensinam…
Atletas, que sentem este símbolo e que estão aqui, todos os dias, a trabalhar e a suar porque têm orgulho na camisola.
O quanto eles nos inspiram e nos motivam…
Somos fortes!
Não somos fortes porque somos ricos.
Não somos fortes porque movemos influências.
Somos fortes porque acreditamos no que fazemos e porque defendemos, sem tréguas, a casa a que pertencemos.
Sou verdadeiramente um privilegiado por ser presidente de um clube que tem a dimensão humana do CAB.
A realização deste torneio é também um grito de vitória dos que acreditaram que conseguiríamos chegar a este ponto e dos que trabalharam duramente para que o clube mantivesse aquelas portas abertas.
Quando se fala de liderança, fala-se, muitas vezes, dos dirigentes – e isto é errado porque os dirigentes são apenas uma pequena parte, e por vezes nem a mais importante, de um grupo muito mais vasto.
Os dirigentes não são nada sem as pessoas que, em silêncio, nos bastidores, travam as pequenas batalhas do dia-a-dia, mas que são tantas vezes esquecidas e que, por vezes, vêem o seu papel depreciado.
Nesta casa, não há espaço para isso.
Por isso, quero dedicar este torneio àqueles que, no silêncio do seu trabalho, não ligam a horários, não ligam a feriados e não ligam a pagamentos financeiros – porque tudo fazem para que o CAB esteja sempre preparado para todas as lutas:
A Dona Raquel,
A Dona Gorete,
O Senhor Martins,
O Senhor Agrela e
O Rui Nicolau
Este Torneio é para VOCÊS e este clube agradece-vos por todo, todo o vosso trabalho!!!...
Caros Atletas,
Quando estava a preparar esta intervenção, tinha, para mim, que queria transmitir uma mensagem que tivesse significado e que não fosse apenas mais umas palavras de circunstância.
Sou o primeiro dos presidentes deste clube a ter participado, como atleta, num Torneio do CAB. Mas os anos também já foram passando e tenho mais do dobro da idade de todos os atletas que vão participar nos jogos – e isso já me permite ter alguma perspectiva de Vida que vocês, a seu tempo, vão desenvolver.
E vou ser completamente sincero e sem rodeios.
A Vida é dura. Muito dura.
E, se não lutarmos por aquilo que queremos, vão-nos passando por cima e ninguém se importa em nos levantar do chão.
A Vida é dura.
Mas também rege-se por regras simples que nós, muitas vezes, complicamos.
E sabem quando é que complicamos?
Quando começamos a ter medo de sonhar. Quando começamos a interiorizar medos que nos dizem que é mais fácil desistir do que ir em frente, que nos dizem que é melhor não tentar para não falhar.
Complicamos quando deixamos de acreditar naquilo em que acreditamos para acreditar naquilo que outros querem que acreditemos e que dizem ser melhor para nós.
E que pena que, muitas vezes, ainda lhes damos ouvidos.
Por isso, se vos pudesse dar um conselho para as vossas vidas, dir-vos-ia para não deixarem de fazer duas coisas:
Primeiro:
Nunca deixem de sonhar.
Nunca deixem de ser irreverentes.
Nunca deixem de perguntar porque é que as coisas são como são e de trilhar o VOSSO PRÓPRIO CAMINHO.
Não deixem que termine o dia sem terem crescido um pouco, sem terem sido feliz, sem terem aumentado os vossos sonhos.
Não se deixem vencer pelo desalento.
Não permitam que alguém vos retire o direito de se expressarem.
Não abandonem a ânsia de fazer da vossa vida algo extraordinário.
Não deixem de acreditar que as palavras podem mudar o mundo – e aconteça o que acontecer a vossa essência ficará intacta.
A vida é deserto e oásis. Derruba-nos, ensina-nos, converte-nos em protagonistas de nossa própria história.
Ainda que o vento sopre contra, nunca deixem nunca de sonhar, porque são os sonhos que nos tornam livres.
Segundo:
Não deixem que um dia que seja passe sem dizerem ao vosso pai e a à vossa mãe o quanto vocês os amam.
Na loucura dos dias, esquecemo-nos tantas vezes de uma lei clara da vida que é a de que, um dia, eles deixarão de estar aqui e viverão apenas na vossa memória.
E, quando isso acontecer, a cara deles será a cara que vocês mais quererão ver. A voz deles será a voz que vocês mais quererão ouvir. O abraço deles será o abraço que vocês mais quererão ter a vos proteger e a vos aconchegar.
E isso não irá acontecer porque eles não estarão aqui.
Por isso, quando saírem daqui, peguem nesses telemóveis e liguem aos vossos pais e agradeçam-lhes pelos sacrifícios que eles fazem todos os dias por vocês.
Para que vocês vivam os vossos sonhos, eles deixaram de viver os deles. Para que vocês sejam felizes, eles abdicaram da felicidade deles.
Liguem-lhes e digam-lhes o quanto vocês os amam e agradeçam-lhes por vos terem dado o maior de todos os presentes, que é o de vos amarem incondicionalmente mesmo quando vocês não o merecem.
Lembrem-se que, hoje e todos os dias das vossas vidas, mesmo quando eles já não estiverem aqui, os vossos pais estarão a vos guardar e a vos proteger, tentando vos guiar pelos melhores caminhos porque, para eles, vocês serão sempre os meninos e as meninas que eles por tantas vezes adormeceram no seu colo.
Nunca, nunca se esqueçam disso.
Minhas senhoras e
Meus senhores,
Atletas,
Treinadores,
Árbitros,
Staff,
Respeito não se pede. Respeito não se exige.
Respeito é ganho.
Respeito é merecido.
Em dois anos de luta, este clube tem ganho o seu respeito e apresentamo-nos aqui, perante vós, com a confiança de quem tem enfrentado o maior desafio da nossa história e tem vencido com a força do nosso trabalho.
Nada nos foi dado.
Nada nos foi facilitado.
Fomos à luta.
Ainda não nos vergaram.
Ainda não nos quebraram.
Estamos aqui.
Depois de tanta luta – estamos aqui!
Depois de tanto esforço – estamos aqui.
É desta fibra de RESISTÊNCIA de que somos feitos.
Mesmo que estejamos a viver numa época de discriminações. RESISTIMOS.
Mesmo que estejamos a viver numa época de lideranças frouxas e incapazes de ver mais além porque lhes falta visão humana. RESISTIMOS.
RESISTIMOS.
Mesmo quando o sofrimento é implacável. Mesmo quando sentimos que tudo o que construímos parece estar a desabar.
RESISTIMOS.
É nesta resistência que vamos vencer o nosso presente. É nesta resistência que construímos o nosso futuro. E quem duvida que iremos ganhar é porque não faz a mínima ideia do é ser um Raça Vermelha do CAB.
É ESTA A GARRA DOS NOSSOS PERGAMINHOS!
Minhas Senhoras e Meus senhores,
Depois de tanta discórdia que quiseram semear entre nós e os clubes nossos irmãos do continente, vejo o CAB de mãos dadas com as melhores escolas de formação deste país.
Depois de tantos funerais que nos quiseram fazer, vejo o CAB unido, forte e sem medo do FUTURO.
Aquelas portas continuam abertas.
Aquelas portas continuarão abertas.
E prometo-vos que, daqui a um ano, aquelas portas estarão abertas para vos acolher, A TODOS, EM MAIS UMA EDIÇÃO DO TORNEIO DO CAB.
A todos, um excelente Torneio!
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